Na noite escura e nua,
Repleta de loucos ruídos,
Toda razão se atenua.
Os amantes se tocam.
Não haverá retroceder.
A verdade é verdade com magia.
Os músculos reagem a ação.
Corpo macio...molhado...
A fantasia faz a excitação.
Os dedos desesperados penetram
As ondas ruivas capilares.
Os gemidos roucos deletam
As convenções milenares.
Ato que parece delicado.
O interior grita violento,
É a destruição do ser amado!
Isso é nobre sentimento!
Libera o instinto animal,
Para unir dois num só.
Desejo sôfrego incondicional
Consumindo-se sobre o túmulo.
O prazer ousa interrogar.
O defunto não responde, grita:
"Sou vazio pra prazer vulgar!"
O outro sorri, não esita.
"Mostro-me e mato solidão.
Ataco uma vítima especial,
Preencho seu vazio de paixão".
O cadáver lamenta, chora.
Sente os vermes lhe devorar.
Suspira e o prazer não ignora
Não quer com ele terminar.
Se deixa apodrecer, implora...
Sexo sobre o túmulo. Frenético.
Se maldizem, se condenam, se deleitam.
O corpo ficará esquelético
e será comida de vermes!