terça-feira, 20 de maio de 2008

Transformação


(lembrança dos deficientes mentais)


Um paraíso ao amanhecer,

No sorriso sem dentes.

Um controle do querer.

Olhar brilhante sob as lentes.


Arrasta-se pelo assoalho frio.

Pede carinho, ergue a mão.

Te encanta meu vazio?

Não serei eu aí no chão?


A saliva escore pelos lábios.

Me observa tão encantada.

Um nirvana para os sábios.

Esta é minha sena sagrada.


Fraudas sujas, mas é feliz.

Se satisfaz, goza com uma visão,

Nunca soube o que quis,

Aceita qualquer sensação.


"Linda, linda, linda"

Viro-lhe as costas, saio.

Teu olhar está aqui ainda.

Tropeço na calçada, caio.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Rispiridona







Não me deixe sozinha,



Sou perigosa demais para mim.



Vou espalhar remédios



Sobre a pia do banheiro,



Tomar doses extras de drogas.






Sua ausência ainda dói.



A dor permanece aqui,



Mas com estas doses



Ela perde a importância,



É como se não existisse.






Deito-me na cama,



Novamente nua de vida,



Desgraçada, doentia.



Mais algum anti-psicótico,



Mais alguma tentativa vã.






Estou calma e parada,



Meu mundo vai explodir.



O tempo corre pela bomba.



Deito sobre os braços,



Acordo dolorida.



Acordo sem entender a vida.



Este é o fim da partida



E eu perdi.