sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Vazio da galáxia




As folhas caem.
Uiva forte o vento.
Sem noite não aguento.

Os sons misturam-se
Às cores e ritmos.
O timbre se desfaz.


O pensamento é
Contrario ao pensador.
Pessoas são manchas
No horizonte.
As estrelas,
Meros resíduos de energia.
O simples é muito
Complexo.
Criam-se complexidades
Para entender
A simplicidade.

Eu sou.
E se eu não ser?
Nesta galáxia há Eu.
Não sou o universo?
Não sou eu!
Sol o sol.

Resquícios de realidade


Grandes mistérios da humanidade...

Dignidade não sustenta coragem.

Não fazem nenhuma laude,

Os que fazem, é libertinagem.



Ninguém nunca contrariou,

A verdade, machucada ficou.

A erosão destruiu os hieróglifos.

A chuva lavou o louvor.

Vejorostosamarelos de pavor,

Não há tempopara penitência.



As mãos repousam brancas.

Há muito esforço mental...

Mas o corpo sente as lanças!



Não resta espaço à barganha,

Só amor pela morte: Tanha!

O sangue lavará nossos pecados.



A alma não está mais aqui,

Fujiu para o céu: Samadi!

Está limpade restos orgânicos,

Não levou consigo nada,

Ou está aqui parada?

Visão



Vejo muitos olhos.


Olhos arregalados


Olhos melancólicos.


Olhos desolados.







Vejo o reflexo do olhar.


Esperançae felicidade.


No brilho do luar...


Amor e igualdade.





Sou uma mágica,



Eu crio olhares.


Sou dona do futuro,


Nunca ando no escuro.

Ritual espontâneo


A cruz na entrada do mausoléu

Mostrava o indício de espiritualidade

Na mente da Mulher,

Que com pés firmes, sorria.

Remexeu o corpo em um espasmo,

Semelhante a onda de frio

Provocada pelo desejo e pavor,

Mas possuia apenas desejo.

Sentia as torções nos músculos das entranhas.

Passos largos à porta:

- Desafio! Não acha ridículo sobreviver

À custa de minhas energias inconscientes?

Rangia os dentes para conter a violência,

Com que arrancaria o defunto lotado de vermes,

E jogaria nas paredes.

- Que culpa tenho eu por satão não existir?

Covarde! Nogento!

E eu serei como você...

Sentou-se na lápide,

Cantou com voz angelical,

Alma desperta, melodia dos ancestrais.

Nenhum ruído.

- Mentiram! Odeio os idiotas

Que criaram esta lenda

E a outra história infantil semelhante a esta.

Arrancou a própria capa, sacudiu-a e dançou.

Sentia-se nova, sentia-se viva,

O corpo reagia a excitação.

- Me disseram que ouve provocações!

Mentirosos!

Manobrava a capa preta,

Rebolava, mordia os lábios,

Cantava, sentava-se na lápide,

Acariciava a cruz, gritava palavões.

Tudo continuava em ordem.

Blasfemou Deus e o Demônio,

Invocou espíritos e nenhum apareceu.

Nenhuma prova, nada concreto.

- Só queria uma visão!

Possuída de grande revolta,

Forçou os dois dedos na garganta,

Vomitou sobre o túmulo,

Mas nada novo ocorreu.

Ficou a gosma verde da salada do almoço.

Scou o vômito até os dedos

Possuírem hematomas e ficarem edemaciados.

A dor parecia oásis.

- Mentiram!

Retirou a navalha do bolso

Pensando em deixar marcas.

Queria dúvidas sobre asua morte.

A filha morreria quando lhe destruísse

Toda mitologia, morreria como ela.

Morreria sabendo que satã

Não aceitava suas almas de bruxa.

Lambeu o fio da navalha que brinhava sob a luz da lua,

A dor tornava-se volúpia.

Molhou o dedo no sangue

E escreveu no chão as últimas palavras:

MORTE: ORGASMO DA ALMA.

bebeu o sangue do chão.

Lambeu até a primeira palavra

Descrever seu estado.

O mesmo lugar veria, anos depois, a mesma sena,

Ouviria o próximo murmúrio:

- Preferia morrer na fogueira

A ver apagadas minhas ilusões místicas.

O mesmo chão bebeu o sangue

Descedente das almas que gritaram por verdade.

Mas ninguém entendeu: "morreram em ritual".

Quando piso no mesmo solo,

Olho para a cruz que brilha ao sol.

Falo a quem nao poderá responder:

Ambiente, tu compreendeste mais

Que o raciocínio humano poderia.

Corpo inerte da alcova, tu tens verdades

Que eu jamais poderia aceitar.

Há algo que não se pode evitar na queda de deuses:

Eles não simplismente caem como qualquer ilusão,

Desmoronam, espatifam-se no chão,

Não se pode evitar a morte

Se avida é apenas uma ilusão.

Se eu acordar da vida

Vou rir deste sonho.

Delírio



Um suspiro seguido de soluços


Cala o silêncio por breves instantes,


Depois some.


Os olhos se fecham lentos,


Como se as pálpeblas


Embriagadas caíssem.


A dor pede um tempo.


A escuridão da mente some


Para surgir os raios de sol.


O corpo perde todos os sentidos


E cai desfalecido ao chão.


Mas não há morte,


Apenas a mente decidiu passear.






A manhã é bonita.


Passo pelos vidros da janela,


Como o sol.


Ah! como é lindo, anjo cruel!


O corpo descotraído sobre a cama,


Respiração lenta, olhos fechados.


Como é doce a expressão...perfeita...


Até parece saber amar...


Não acorde Anjo meu.


Não quero ver em seu rosto a rudez.


insensibilidade das decisões.


A inconstância dos atos.


Nossa superficialidade...


Prefiro ver-te apenas em sonhos.






Acordo emfim.


O que resta?


Lembrança de uma miragem.


Lágrimas que descem por um


Rosto pálido, abatido.






Um suspiro seguido de soluços,


Cala o silêncio por breves intantes,


Depois some.

CEMITÉRIO


MILÕES DE VIDA NESTE CHÃO.

Humanos primitivos...

O solo sentiu o canibalismo.

Tornou as guerras em carbono.


Este chão absorveu os restos de

VIDA.

Sentiu os vestígios de

ENERGIA.

Depois da

MORTE.

Fazendo

CRESCER

Plantas e animais.


A brisa leva o pólem

Da flor que cresceu

No carbono do último defunto.


Alguém, séculos antes de mim,

Alimenta minha alimentação.

A morte vai nutrindo, assim,

A vida sobre este chão.

FANTASIA


Existia um castelo de bonecas
Em meio a uma floresta.
Só uma criança de azas...
Anjo que fujiu de casa.

Meu príncipe boneco
Com você quero brincar.
Enquanto as estrelas brinham,
Antes do sonho terminar.

A eternidade se eternizou
Em apenas um instante,
Momento que passou...
Folhas secas ao chão.

É minha propriedade
Com sabor de eternidade.
Um paraíso de mentiras
Em busca da verdade.

FENIDILATE


Eu fiz o sistema solar.
Organizei os planetas.
Formulei a terra e o ar.
Brinquei com os cometas.

Sou a dona do universo.
As galaxias consolei.
Botei palavras no verso.
E coisas que nem sei.

Dormi com o sol.
Minha filha é a lua.
Na luz do arebol,
Sou Vênus, nua.

Acho que vou enlouquecer,
Mas meu corpo palpita.
Mesmo querendo não querer,
Uma Deusa em mim grita.