sábado, 22 de setembro de 2007

Febre


Ao anoitecer ela veio calma.

Aquecendo os ossos e gelando a pele.

Fazendo arder fundo até a alma.

Murmurei delirando: onde está ele?


Para onde querem me levar?

Mas quem é, se não há ninguém?!

Nenhum demônio para me salvar.

Acho que vou morrer, ir pro além.


Os olhos liberam lágrimas.

"Mamãe, nao estou chorando".

Sou a mais perfeita dos paradigmas,

Aos poucos vou me entregando.


Sinto que alguém vem.

Ouço no corredor seus passos.

Tem esperança, sempre tem!

Carrega-me em seus braços.


Desperto na banheira.

Água fria em meu corpo nú.

Banha-me calma, inteira.

Choro: não sei quem é tu...


Me recupero, estou melhor.

A febre quase passou.

A familia ao redor...

O medo ainda restou.


Eu sei que ela volta.

E joga-me na cama.

Depois bate alguém à porta.

Cura-me e jura que me ama.

Nenhum comentário: